Alckmin recebe elogios de Doria cinco anos após insinuar traição de ex-aliado no PSDB
O ex-governador de São Paulo João Doria revelou nesta segunda-feira que se reuniu com o vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB), para uma “conversa sobre o Brasil e suas boas perspectivas”. O encontro ocorreu cinco anos após o rompimento dos dois, durante as eleições de 2018, por apoio a candidatura de Jair Bolsonaro (à época no PSL). Em uma disputa de espaço no PSDB, Alckmin chegou a insinuar que Doria era um “traidor” na frente de todos os integrantes da cúpula tucana dois dias após o primeiro turno.
Em postagem na rede social X (antigo Twitter), Doria disse ter recebido “a honrosa visita” do vice-presidente. “Tivemos uma excelente conversa sobre o Brasil e suas perspectivas. Alckmin tem grandeza, capacidade e bom sentimento”, acrescentou.
A relação entre eles estava estremecida por conta do posicionamento do empresário no pleito de 2018. Alckmin amargou o quarto lugar na disputa presidencial e Doria, então candidato ao governo de São Paulo, chegou a apoiar a candidatura de Jair Bolsonaro (PL), que saiu vitorioso.
Dois dias após o primeiro turno, uma discussão entre os dois teve dedo em riste por parte do presidenciável derrotado e pedido de “calma” pelo então candidato a governador. A campanha presidencial tucana acusou o empresário de não ter trabalhado por Alckmin.
Aliados de Alckmin também farejaram uma tentativa de Doria, após o primeiro turno, de tirá-lo da presidência da sigla.
A dominação do PSDB por Doria e seus aliados fez com que Alckmin deixasse a sigla em dezembro de 2021, após 33 anos no partido. Ele posteriormente ingressou no PSB e foi oficializado como candidato a vice-presidência na chapa de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O PSDB não teve representante próprio na corrida presidencial de 2022. Doria desistiu da disputa por não ter crescido nas pesquisas de intenções de votos e saiu da vida política. O partido passa por uma crise desde então.
No Congresso, são apenas 14 deputados federais e dois senadores — após as eleições de 2014, eram 54 e 11, respectivamente. Em São Paulo, houve uma debandada de prefeitos após os tucanos perderem o governo estadual para Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Relação com Lula
Enquanto pré-candidato à presidência da República, Doria disse que seria adversário de Alckmin caso ele disputasse a eleição de 2022 na chapa de Lula.
— Eu serei adversário de Lula e circunstancialmente de Geraldo Alckmin. Se ambos fizerem uma chapa para disputar a Presidência, eu, como pré-candidato, estarei em outro campo, do lado contrário — afirmou Doria, em dezembro de 2021.
Em setembro deste ano, ex-governador deu um aceno ao governo Lula ao pedir desculpas públicas ao presidente por comentários feitos em 2018, quando o petista esteve preso em Curitiba, após condenações impostas pela Operação Lava-Jato. “Esta decisão lava a alma dos bons brasileiros”, escreveu à época.
— Aquilo foi uma declaração imprópria, e eu não tenho problema em reconhecer. Isso me ajuda a ser uma pessoa melhor, mais respeitada. Eu sei pedir desculpas, sei reconhecer quando eu erro. Não foi uma declaração adequada — afirmou Doria no podcast Flow.
Na semana seguinte, o empresário disse ver em Lula a capacidade de “pacificar o Brasil”. Segundo Doria, o presidente tem nas mãos a possibilidade de “reduzir sensivelmente” o que chamou de “visão de confronto” e “posturas divisórias de ‘nós contra eles’”. O ex-tucano sugeriu que o petista busque inspiração na figura de Nelson Mandela, que presidiu a África do Sul após o período de apartheid.
fonte mais goias