Desfile militar no Planalto dura 10 minutos em dia de votação do voto impresso: veja vídeos
O desfile de carros da Marinha em frente ao Palácio do Planalto, em Brasília, nesta terça-feira (10), durou apenas 10 minutos. Foram cerca de 40 veículos militares, entre blindados, tanques, caminhões e jipes que passaram pelo local. A carreata ocorreu no dia da votação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) do voto impresso na Câmara dos Deputados.
O desfile foi criticado e visto por muitos nos bastidores como uma forma de politização das Forças Armadas. A carreata começou por volta das 8h30. Neste horário, Bolsonaro já estava localizado na rampa do Palácio do Planalto. Ele estava acompanhado pelos comandantes do Exército, Paulo Sérgio, da Marinha, Almir Garnier e Carlos de Almeida Baptista, da Aeronáutica. Também estavam os ministros Walter Braga Netto (Defesa), Ciro Nogueira (Casa Civil), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria-Geral) e Anderson Torres (Justiça).
Os deputados Ricardo Barros e Evair de Melo também estiveram no local, assim como o ministro Ives Gandra da Silva Martins Filhos, do Tribunal Superior do Trabalho (TST).
Um grupo de dezenas apoiadores de Bolsonaro se reuniu na Praça dos Três Poderes e entoou gritos em defesa da intervenção militar. Eles gritaram “Eu Autorizo” e “142”, em referência a dispositivo constitucional que bolsonaristas dizem justificar uma eventual intervenção das Forças Armadas.
O desfile dos carros militares causou reação de diversas autoridades políticas. Vários parlamentares protestaram no Salão Nobre da Câmara dos Deputados e levaram cartazes escritos “democracia” e criticaram “a trágica coincidência” do desfile no dia da votação da PEC do voto impresso.
Como resposta, os parlamentares também disseram que vão derrubar a proposta. “Bolsonaro, mais uma vez, faz mal à sociedade e às Forças Armadas”, disse. “A melhor resposta será hoje dentro do plenário da Câmara derrotando o voto impresso, que é um projeto de sociedade miliciana que Bolsonaro representa”, disse o deputado Marcelo Freixo (PSB-RJ), líder da Minoria na Câmara, ao Metrópoles.
O líder da oposição, Alessandro Molon (PSB-RJ), disse que o ato que os parlamentares adotaram serve para mostrar que a Câmara não aceita ameaça, chantagem e intimidações. Segundo ele, os parlamentares não acreditam em coincidência da realização do desfile com o dia da votação de um proposta de interesse do presidente. “A maior reposta é derrotar o voto impresso com larga vantagem.”
O deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP) também reforçou que o ato é uma forma de reforçar que a Casa não se intimida com tanque militar. “Essa, que é era para ser uma demonstração de força, será uma demonstração de fracasso e de fraqueza do governo”.
Nas redes sociais, diversas autoridades também se manifestaram contra o ato militar na capital federal. O governador de São Paulo, João Dória (PSDB), disse que “o inédito e desnecessário desfile de tanques de guerra na Praça dos Três Poderes é uma clara ameaça à democracia. E tem o repúdio dos brasileiros de bem. A iniciativa é mais um flerte com o autoritarismo. O Brasil quer democracia, respeito à constituição e liberdade.”
O governador do Maranhão, Flávio Dino (PSB), disse que “hoje vamos assistir à entrega de correspondência mais cara da história: um desfile militar para entregar um mero convite ao presidente da República. O pretexto é tão absurdo quanto o fato. É da tradição da extrema-direita: na falta de votos, apelam a tanques. Odeiam a democracia.”